Chuva Ácida (2023), dirigido por Just Philippot, é um drama de ficção científica que mergulha o espectador em uma França assolada por uma catástrofe ambiental sem precedentes: chuvas ácidas letais que destroem tudo em seu caminho. O filme acompanha a jornada de Michal (Guillaume Canet), sua ex-esposa Élise (Laetitia Dosch) e a filha adolescente Selma (Patience Munchenbach), que, apesar das tensões familiares, precisam se unir para sobreviver a essa ameaça devastadora. A narrativa combina elementos de suspense e drama familiar, criando uma atmosfera intensa e emocional.
Inspirado em um curta-metragem anterior do próprio diretor, "Acide" foi desenvolvido com a colaboração do roteirista Yacine Badday. O filme estreou fora de competição na "Séance de Minuit" do Festival de Cannes de 2023 e recebeu o Prix Ecoprod, destacando-se por sua abordagem ambiental consciente. Philippot opta por não oferecer explicações racionais para o fenômeno climático, utilizando a chuva ácida como uma metáfora para as crises contemporâneas que enfrentamos como sociedade.
Final explicado
O final do filme é simbólico e aberto a interpretações, com forte carga emocional e reflexiva. Após uma longa fuga marcada por tensão, destruição e perda, vemos Michal, Élise e Selma enfrentando o momento mais crítico: a chuva ácida se intensifica, e a chance de sobrevivência parece mínima. Eles encontram abrigo precário, e a câmera se fixa nos rostos dos personagens enquanto o som da chuva domina a cena — uma escolha estética que amplifica a incerteza e a impotência diante da catástrofe.
A última sequência não mostra explicitamente se eles sobrevivem ou não. Essa ambiguidade serve para reforçar a mensagem central do filme: a fragilidade da vida diante de uma natureza que reage violentamente às ações humanas. O silêncio final e a escuridão que toma conta da tela funcionam quase como um espelho para o público refletir sobre o próprio papel na crise ambiental.
Mais do que um final "feliz" ou trágico, o filme opta por um desfecho contemplativo. O foco está menos no destino físico da família e mais na transformação emocional pela qual passaram. O reencontro emocional entre Michal e Selma, especialmente, simboliza uma reconexão tardia, mas poderosa — sugerindo que, mesmo diante do colapso, ainda há espaço para resgatar vínculos humanos essenciais.
Just Philippot, ao não entregar todas as respostas, convida o espectador a sair da sala de cinema com uma inquietação genuína: e se essa ficção não estiver tão longe da realidade? O final deixa uma sensação de urgência e desconforto que ecoa muito além da última cena.
Onde assistir
O filme está disponível nos catálogos da: Prime Vídeo.
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